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Um dos filmes mais aguardados do festival de Cannes, “Megalopolis” divide opiniões

  • Foto do escritor: Câmara Escura
    Câmara Escura
  • 20 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

O novo filme de Francis Ford Coppola tem distribuição confirmada apenas na Europa e no Reino Unido


Por João Pedro Peron


Coppola esperou mais de 40 anos para realizar tal projeto | Reprodução/American Zoetrope

Um dos filmes mais comentados nesse festival de Cannes foi o tão aguardado Megalopolis, de Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão, Apocalypse Now, A Conversação), que não lança um longa desde Virgínia (2011), mas que obteve recepção mista dos críticos que assistiram à exibição no festival, que variou de vaias a aplausos. Pessoas que assistiram à obra relatam que se trata de um filme muito experimental e diferente do padrão de Hollywood.

Atualmente, o longa encontra-se com uma média de 59 no Metacritic com 23 críticas, o que está bem abaixo do que era esperado do grande filme de Coppola. A obra apresenta uma versão futurista da cidade de Nova York, intitulada Nova Roma, que tenta se recuperar após uma catástrofe. Nesse contexto, o arquiteto Cesar Catilina (Adam Driver, História de um Casamento) entra em conflito com o Prefeito Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito, Breaking Bad), por possuírem visões distintas para a reconstrução da cidade em uma história que referencia a Roma Antiga a todo momento. 

“É claro que Megalopolis [...] não é um filme comum. Também é um grande salto, uma experiência formalmente e visualmente audaciosa que parece o trabalho de um cineasta que, em vez de se repetir ad infinitum ou descansar sobre seus incontáveis ​​louros, permanece entusiasmado com filmes e suas infinitas possibilidades.”, publicou The New York Times.

Já a revista Time Out publicou: “Dados os ingredientes (a visão profundamente pessoal; um elenco que inclui Driver, Aubrey Plaza e Laurence Fishburne; o grande orçamento; os anos de gestação), é justo perguntar por que acaba sendo, um, tão pouco divertido, e dois, tão mortal em um nível intelectual.”

Além de Adam Driver, o filme conta com a presença de Nathalie Emmanuel (Velozes & Furiosos 7), Aubrey Plaza (The White Lotus), Shia LaBeouf (Transformers), Jon Voight (Fogo contra Fogo), Jason Schwartzman (O Grande Hotel Budapeste), Laurence Fishburne (Matrix), Dustin Hoffman (Rain Man), entre outros.

Elenco de Megalopolis com Coppola, ao centro, em Cannes | Foto: Christophe Simon/Getty

Trailer

Confira o trailer do filme abaixo:


Por que “Megalopolis” é tão aguardado?

O jornalista Max Valarezo fez um vídeo em seu canal, EntrePlanos, que explica muito bem essa batalha de Coppola para realizar sua grande obra.

Segundo o livro The Apocalypse Now Book (200), escrito por Peter Cowie, o designer de som Richard Beggs afirmou que Coppola havia mencionado a ideia para Megalopolis no fim das filmagens de Apocalypse Now em 1977. Entretanto, foi muito difícil conseguir financiamento para esse projeto pelo caráter ambicioso, que exigiria um grande orçamento.

Em 2001, o cineasta estava pronto para começar as filmagens, mas foi impedido pelo ataque às Torres Gêmeas. Em 2022, o cineasta concedeu uma entrevista ao jornal Giornale Di Sicilia, em que diz “Estava pronto para rodar o filme em 2001. Então aconteceu o 11 de Setembro e percebi que a minha visão de um mundo futuro tão generoso e amigável tinha sido destruída. Eu não poderia ter feito um filme que falasse sobre a bondade dos seres humanos quando havia terrorismo. Então desisti”.

Entretanto, em 2019, Coppola anunciou que a produção de Megalopolis iria se iniciar por meio de uma entrevista exclusiva ao Deadline: “Então, sim, planejo este ano começar minha ambição de longa data de fazer um grande trabalho utilizando tudo o que aprendi durante minha longa carreira, começando aos 16 anos fazendo teatro, e isso será um épico em grande escala, que intitulei Megalopolis”. Para isso, o cineasta bancou sozinho o orçamento do filme, por meio de sua produtora American Zoetrope, que é composto por US$ 120 milhões. Para cobrir os gastos, o cineasta também teve que vender parte de seu império de vinhos, a Francis Ford Coppola Winery. As filmagens começaram em novembro de 2022.

Segundo a crítica Fabiana Lima, “A obra é, essencialmente, uma releitura moderna dos conflitos shakespearianos e encontra na inovação da forma e da linguagem cinematográfica uma nova maneira de se fazer cinema” | Foto: Reprodução/American Zoetrope

A busca por distribuição

Segundo uma matéria do The Hollywood Reporter, Coppola realizou uma exibição fechada para representantes de diversas distribuidoras, como Sony Pictures, Warner Bros., Netflix, Disney, entre outros. Entretanto, o resultado não foi o esperado e os estúdios, segundo fontes anônimas, ainda estão receosos em lançar Megalopolis. Coppola estaria ansioso para fechar um contrato de cerca de US$ 40 milhões para distribuição nacional (EUA) e de US$ 80 milhões a US$ 100 milhões para distribuição global. Com a exibição em Cannes, a equipe espera que estúdios se interessem em fechar um acordo.

Atualmente, Megalopolis tem distribuição confirmada em sete países, sendo estes: Áustria, Alemanha, Suíça, Itália, França, Espanha e Reino Unido. De acordo com uma matéria do Deadline, Coppola, em setembro do ano passado, afirmou que gostaria de ter seu longa lançado em IMAX em pelo menos 20 cidades dos Estados Unidos. O CEO da IMAX Corporation, Richard Gelfond, esteve em Cannes nesta quinta-feira(16), o que pode significar possíveis avanços em tais negociações.

A respeito do Brasil, o crítico de cinema Waldemar Dalenogare, que assistiu a uma exibição de Megalopolis em Cannes, publicou em sua conta na rede social X, na sexta-feira(17): “Na saída, perguntei para uma pessoa envolvida na distribuição sobre possíveis anúncios. Eles estão felizes com o acordo com a IMAX e não tem nada para anunciar no momento. Falei que eu era do Brasil e recebi um sorriso dizendo ‘acho que pra vocês teremos notícias em breve’”. Resta esperar mais informações sobre a distribuição desse longa no Brasil.


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