Do interior de Minas às telas: “A Saga” celebra a mineiridade e fantasia no cinema brasileiro
- Câmara Escura
- 4 de jan.
- 5 min de leitura
Gravado em Estrela do Sul, curta-metragem reúne talentos mineiros para contar uma história de desafios, coragem e esperança
Por Alan Alves e Renan dos Santos

O curta A Saga estreou em 19 de dezembro de 2024 e teve sua primeira exibição na praça Clarimundo Carneiro, localizada no centro de Uberlândia. O filme foi dirigido por Dayse Amaral e conta com o roteiro escrito por Thiago Fernandes e Paola Siviero.
Trama
O público embarca na jornada extraordinária de Maria Flor, uma jovem determinada a salvar a mãe gravemente doente, enfrentando desafios em uma Estrela do Sul devastada por uma enchente. Em busca de um raro remédio feito com ovos de vagalumes, a protagonista encontra personagens marcantes ao longo do caminho, como o otimista carroceiro Felizardo, o caminhoneiro Zé Firmino e a sábia Dona Nice, sua madrinha. No entanto, sua missão é ameaçada por figuras misteriosas, como a enigmática Criatura e o traiçoeiro Mané Zoim, que farão de tudo para impedir que ela alcance seu objetivo. Entre encontros emocionantes e momentos de tensão, Maria precisa superar obstáculos e descobrir sua força interior para completar a jornada.
Produção e Elenco

A direção de A Saga ficou a cargo de Dayse Amaral (Totalmente Sem Noção Demais, Bom Sucesso), cineasta mineira de Estrela do Sul (MG) com uma carreira sólida e diversificada no audiovisual. Formada em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário de Brasília (CEUB), a artista deu seus primeiros passos na TV Nacional, no programa Canal Arte. Ao longo da carreira, a diretora esteve envolvida em séries e novelas consagradas da TV Globo, como Força-Tarefa (2009-2011), Separação?! (2010), A Grande Família (2001-2014) e Doce de Mãe (2014), que rendeu um Emmy à atriz Fernanda Montenegro.
Além de Amaral, a equipe de produção de A Saga conta com nomes como Yuji Kodato na direção de fotografia, Luciana Buarque na direção de arte e Fernanda Felice na caracterização e maquiagem. Milton de Biasi é o responsável pela cenografia e a preparação do elenco foi conduzida por José de Campos.
O elenco do filme reúne nomes talentosos e experientes, com trajetórias marcantes na arte, como no teatro. Emanuelle Dantas iniciou sua paixão pelos palcos aos 7 anos e se tornou atriz, produtora, professora e pesquisadora com Mestrado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Inês Peixoto é atriz, diretora e dramaturga, integrante do Grupo Galpão desde 1992, com participações em peças como Romeu e Julieta e Os Gigantes da Montanha. No cinema, se destacou em Meu Pé de Laranja-Lima (2012) e Quase Memória (2015). Na TV, esteve em Meu Pedacinho de Chão (2014) e Além do Tempo (2015-2016).
Lucas Mali é ator, cantor e compositor, reconhecido por suas atuações com grupos teatrais e apresentações musicais na região de Uberlândia. Welerson Filho, doutorando em Artes Cênicas, é especialista em Teatro de Máscaras e Teatro Físico, professor na UFU e integrante das companhias Os Mascaratis e Não é o Caso. Fernando Bruno é ator, palhaço e docente, faz parte de grupos como Os Mascaratis e Tamborete, além de atuar no Projeto Pediatras do Riso. Renato Luciano, fundador da Cia Barca dos Corações Partidos é um ator premiado, conhecido por suas atuações em A Ópera do Malandro e Auê, assim como por composições para trilhas sonoras de novelas como A Força do Querer (2017).

Thiago Fernandes é roteirista, escritor, produtor e ator. Seu trabalho transita entre o audiovisual, a literatura e a cultura caipira, com foco na comicidade e no resgate de memórias. Entre suas obras, destaca-se o livro infantil Fake News: a raposa, o lobo e a menina e as HQs O menino e o mutirão e Casa de Avós. No audiovisual, o artista escreveu, produziu e atuou no curta A Palhestra, nos médias-metragens Em clownsa de praiaço e P.P.A.: Palhaços Procuradores de Afeto, além da websérie Dilemas de um cotidiano.
Fernandes foi reconhecido com o título de Mestre das Artes pela prefeitura de Estrela do Sul em 2021, e recentemente conquistou o título de Doutor em Estudos Literários pela UFU. O artista participa dos coletivos Clowns do Cerrado e Grupo de Teatro Tamborete.
Como é produzir um filme no Brasil?
A princípio, a produção teve que lidar com a adaptação de uma produção teatral para a linguagem cinematográfica. O curta surgiu como um espetáculo de teatro e foi adaptado para às telonas, “A gente adapta esse texto do espetáculo para a linguagem cinematográfica, eu faço a adaptação no primeiro momento. Em janeiro a gente começou com a Dayse, que é diretora, a trabalhar nesse roteiro que já estava escrito, fazendo novas adaptações. Em abril chega mais uma roteirista, a Paola, para também colaborar na adaptação dessa passagem, dessa fala do teatro, que é uma fala grande, as cenas são mais extensas, para fazer essa passagem para as cenas mais enxutas, para dar uma velocidade”, explica Fernandes.
O roteiro também precisou ser mais desenvolvido para captação de recursos através de leis de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet. Fernandes conta que, a princípio, o projeto não foi aprovado, e precisou passar por novas modificações, como o aumento do número de páginas do roteiro inicial. Essas mudanças foram desenvolvidas durante reuniões entre a diretora e os produtores do curta; além disso, com a contratação da nova roteirista, foram desenvolvidos os diálogos da obra e algumas cenas foram reduzidas.
O financiamento, para a realização do curta contou com a participação de diversos setores além das leis de incentivo à cultura, tendo o auxílio das prefeituras locais. “Primeiro a gente aprovou o projeto na Lei Rouanet, e a gente começou a buscar captação, conseguimos uma empresa, Cenibra, de Belo Oriente, que apoiou a 52% do projeto, mas com isso não dava para fazer o filme. Com a Lei Paulo Gustavo, a gente conseguiu aprovar mais uma quantidade pela Prefeitura de Uberlândia. Só que, quando você começa a trazer gente de fora, tem passagem aérea, alimentação, transporte, hospedagem, vai comendo um terço do filme”, explica o produtor.
Fernandes também conta que a prefeitura de Estrela do Sul também indicou empresas privadas que estariam dispostas a prestar auxílio para a realização do curta, garantindo mais dinheiro para a realização da obra, além de ajudar com equipamentos de transporte. O filme também recebeu auxílio do comércio local, como mercados, farmácias e postos de gasolina, que ajudaram os artistas diretamente com produtos.
Além da exibição que ocorreu em Uberlândia, o curta também será exibido em Estrela do Sul e Cruzeiro dos Peixotos, além da possibilidade de ser assistido no YouTube, através do canal do grupo de teatro Tamborete. O curta deve permanecer nessa plataforma por tempo limitado, para ser submetido a festivais de cinema posteriormente.
Os leitores podem ter acesso a mais detalhes sobre “A Saga” assistindo à entrevista realizada com Thiago Fernandes na íntegra, disponível no YouTube. Nela, também estão presentes mais detalhes do processo de produção e outros projetos feitos pelo roteirista.
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