Por que você deveria assistir "Atypical"
- Renan dos Santos
- 30 de mai. de 2024
- 3 min de leitura

Atypical é uma série norte-americana lançada pela Netflix, em 2017, que aborda em primeiro plano, a questão do autismo. Ao longo de quatro temporadas, acompanhamos Sam Gardner (Keir Gilchrist), um jovem de 18 anos que foi diagnosticado no espectro autista ainda na infância. A série explora a sua rotina e lembranças de seu crescimento.
Assim, com o enfoque no período entre o fim do ensino médio e o início da faculdade, vemos diversos desafios enfrentados por Sam, e também percebemos que essas dificuldades atingem todos em sua volta.
Na medida em que o protagonista começa a ter desejos naturais ao longo de seu crescimento – como conseguir uma namorada ou trabalhar – ele tem um choque de realidade, pois percebe que, pelo fato de que ainda não vivemos em uma sociedade preparada para lidar com pessoas com autismo, nem sempre as coisas ocorrem como planejado e, por vezes, Sam não é tratado da forma como gostaria, o que o deixa irritado.
E quando Sam se frustra, rapidamente se isola, coloca o seu fone de ouvido e começa a desenhar pinguins, como uma forma de se desligar do mundo. Ao decorrer do seriado, nos acostumamos com essa prática dele e entendemos como isso faz parte de sua vida, pois se trata de uma condição de hiperfoco, um padrão de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). Desta forma, ao direcionar todo o seu foco para os pinguins, Sam nos mostra que isso tem total relação com a sua condição.
Profundidade na história

Outro grande acerto de Atypical é não focar somente no autismo de Sam. É impressionante a forma como cada personagem secundário tem uma grande profundidade em sua história. A irmã do protagonista, Casey (Brigette Lundy-Paine), também está prestes a ingressar na universidade e se sente pressionada por isso, além de ter que lidar com questões relacionadas à própria identidade. Elsa (Jennifer Leigh) e Doug (Michael Rapaport), os pais de Sam, também são personagens secundários que enfrentam vários desafios presentes em seu casamento.
O melhor amigo de Sam, Zahid (Nik Dodani), em muitas cenas, representa a parte cômica da série, que é classificada justamente como uma comédia dramática. As piadas e conselhos ruins de Zahid fazem jus ao apelido dado pelo protagonista, que o chama de “hilário” quase sempre que fala sobre ele.

O realismo da série é algo muito elogiado pela crítica especializada e pelo público. Por exemplo, outros traços do TEA mostrados são a necessidade e a importância da rotina, e o estresse causado na pessoa com autismo quando essa rotina muda.
E o “toque mágico” da diretora da obra, Robia Rashid, é fundamental nessa questão. Não há sensacionalismo ou cenas fortes que são feitas apenas para chocar. O choque já ocorre quando temos a percepção sobre o que é ser um autista no mundo atual.

Atypical não é uma novidade, porém, vejo que é uma série que todos deveriam assistir, tanto por sua qualidade, quanto pela delicadeza ao tratar de uma questão importante e complexa. Em 2 de abril, é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, e essa obra é uma grande representação dessa data. A nossa sociedade ainda está evoluindo e aprendendo a integrar pessoas do espectro autista aos mais variados ambientes, então por que não assistir a uma série que nos motiva a ajudar nesse processo?
Atualmente, Atypical está disponível na Netflix. Assista, eu garanto que você vai adorar!
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