“Planeta dos Macacos”: nova saga ranqueada
- João Pedro Peron
- 22 de mai. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: 24 de mai. de 2024

Planeta dos Macacos é baseado no livro intitulado La Planète des singes (em tradução livre: O Planeta dos Macacos) escrito pelo autor francês Pierre Boulle e publicado em 1963. A história segue um jornalista francês que viaja a um planeta distante, no qual humanos selvagens são escravizados por uma sociedade de macacos avançados, que, diferente dos humanos, conseguem falar.
A primeira vez que essa história foi adaptada para o cinema foi em 1968 com o longa O Planeta dos Macacos, que segue a premissa do livro, com um astronauta estadunidense no lugar de protagonista. O filme foi muito bem recebido, tanto pela crítica, quanto pelo público, que teve uma geração inteira marcada por essa franquia. O sucesso foi tanto, que recebeu quatro sequências: De Volta ao Planeta dos Macacos (1970), Fuga do Planeta dos Macacos (1971), A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) e A Batalha do Planeta dos Macacos (1973), que não conseguiram se igualar ao sucesso do primeiro.
Em 2001, a franquia recebeu um reboot com um filme que possui a mesma premissa do lançado em 1968, intitulado Planeta dos Macacos, dirigido pelo Tim Burton e estrelado por Mark Wahlberg, além da presença de Tim Roth, Helena Bonham Carter e Paul Giamatti no elenco. Entretanto, foi recebido negativamente pelo público e crítica especializada.
Em 2011, a franquia recebeu mais um reboot com Planeta dos Macacos: A Origem, porém com uma história original: seria contada a história de como os macacos dominaram o planeta Terra, como tudo começou. Essa nova saga foi a única que utilizou a técnica de captura de movimento ao invés de maquiagem para representar os primatas. Foi escolhido para assumir o papel do protagonista Caesar o ator Andy Serkis, que interpretou Gollum na trilogia O Senhor dos Anéis de Peter Jackson, além de fazer uso dessa técnica de filmagem em outros filmes como King Kong (2005) e As Aventuras de Tintim (2011).
Segue o meu ranking dessa nova saga que, até agora, é composta por quatro filmes: Planeta dos Macacos: A Origem (2011), Planeta dos Macacos: O Confronto (2014), Planeta dos Macacos: A Guerra (2017) e Planeta dos Macacos: O Reinado (2024).
4. Planeta dos Macacos: O Reinado (2024)

Situado 300 anos após os eventos do anterior Planeta dos Macacos: A Guerra, em um mundo onde macacos dominaram, e os seres humanos são, agora, selvagens, o primata Noa (Owen Teague) busca vingança de um grupo de macacos que destruiu sua aldeia.
O maior desafio desse filme é criar uma história interessante sem a presença do carismático Caesar, que protagonizou tão bem os filmes anteriores, portanto, conseguir um primata que consiga suprir essa falta não é algo fácil, o que definitivamente não conseguiram realizar aqui, embora Noa seja um bom personagem e possa ter um desenvolvimento melhor nos próximos capítulos.
Embora Caesar não esteja presente, o que fizeram com seu legado é quase perfeito narrativamente, a meu ver, exceto por uma escolha que foi mal aproveitada e que não entrarei em detalhes aqui por conta de spoilers, mas que pode ser consertada em futuros longas. Ademais, o roteiro joga vários personagens, com pouco carisma, e força-os a interagir de forma que não se adere naturalmente ao universo construído, exemplos perfeitos disso, na minha opinião, são o vilão Proximus Caesar (Kevin Durand) e a humana Mae (Freya Allan).
Apesar disso, a direção de Wes Ball é muito inspirada, tanto nas cenas de ação, as quais conseguem divertir e entreter o público, quanto no arco do protagonista, que é bem coeso, mesmo do ponto de vista narrativo. Outro fator extremamente proveitoso é o personagem do orangotango Raka (Peter Macon), responsável por fazer uma ponte perfeita entre este e os filmes anteriores, mesmo se passando três séculos depois. Esses pontos tornam Planeta dos Macacos: O Reinado um bom filme que divertirá vários que se interessarem por essa nova etapa dessa nova saga. Atualmente, o filme encontra-se em exibição nos cinemas nacionais.
3. Planeta dos Macacos: A Origem (2011)

Dirigido por Rupert Wyatt (O Apostador), o filme conta a história do cientista Will Rodman (James Franco) que, na busca de uma cura para o Alzheimer, acaba desenvolvendo uma droga que, por algum motivo, deixa os primatas muito mais inteligentes. O experimento não é bem-sucedido e todos os macacos são sacrificados, com exceção de um filhote, que Will, em segredo, leva para sua casa e começa a criá-lo.
Como um filme introdutório nesse novo “reboot” da franquia, ele tem a missão de estabelecer os personagens principais e informar em qual linha seguirão os próximos, por isso possui um ritmo mais lento, mas isso não é motivo para arrastar a história, o que, de fato, ocorre. É um bom filme, é muito interessante como ele retrata essa ascensão dos primatas inteligentes invertendo os papéis: se nos filmes anteriores os macacos oprimiam os humanos, neste, ocorre o completo oposto (pensamento que será desenvolvido ainda melhor nos filmes subsequentes).
Caesar é um protagonista muito carismático, e a ausência de falas entre os primatas não é algo que afeta em hora alguma o filme, todo o arco dele é trabalhado de um modo muito interessante, mas que se estica em determinado ponto, principalmente na segunda metade, ao invés de desenvolver mais profundamente essa dualidade do personagem. Atualmente, o filme encontra-se nos streamings Star+ e Disney+.
2. Planeta dos Macacos: A Guerra (2017)

Dirigido por Matt Reeves (Cloverfield; The Batman), o longa retrata os macacos, liderados por Caesar, entrando em um conflito mortal com um exército estadunidense liderado por um Coronel (Woody Harrelson).
Esse é o que melhor explora o desenvolvimento de Caesar (e o lado pessoal e “humano” dos macacos, no geral), visto que tem suas ações postas em dúvida entre realmente ajudar os macacos a vencerem essa guerra e o egoísmo em busca de uma vingança. Alguns talvez se frustrem ao esperar deste um filme de ação, como foi o segundo, visto que esse longa tem, em sua essência, o gênero drama, que funciona muito bem. Os personagens são desenvolvidos de forma lenta e muito mais pessoal, o arco do Caesar, nesse capítulo final de sua história, explora facetas que não havíamos visto nos filmes anteriores, com tamanha raiva, angústia e desejo por vingança.
Entretanto, a história fica um tanto repetitiva a partir da segunda metade, além de, na minha opinião, o Coronel ser um vilão ruim (o maior problema do filme), que tinha tudo para ser a maior ameaça pessoal para o protagonista, mas que não é desenvolvido de forma que mantenha esse lado antagônico marcante e vivo. Em contrapartida, os efeitos visuais são incríveis, assim como nos três filmes, mas nesse em específico os detalhes das expressividades dos primatas são muito notáveis, de forma que os humaniza, mas não de um modo forçado. Isso fica evidente no personagem Macaco Mau (Steve Zahn), um dos personagens mais carismáticos de toda essa nova saga e, consequentemente, a melhor nova adição a esse elenco, a meu ver. Atualmente, o filme encontra-se nos streamings Star+ e Disney+.
1. Planeta dos Macacos: O Confronto (2014)

Com a estreia da direção de Matt Reeves na franquia, o enredo se passa dez anos após os eventos de Planeta dos Macacos: A Origem, com a maior parte da população humana morta pelo vírus que deixou os macacos inteligentes, os primatas, liderados por Caesar, vivem na floresta e acabam entrando em conflito com um grupo de humanos que desejam utilizar uma usina hidrelétrica localizada no território selvagem.
Diferente de seu antecessor, esse é um filme de ação e a direção de Matt Reeves faz toda a diferença. É um daqueles casos em que a direção se sobressai muito ao roteiro, visto que a história é muito clichê (em alguns momentos é clichê até demais), mas isso não impossibilita o longa de inovar visualmente, especialmente nas cenas de ação. Desde a primeira sequência, em que abre com o confronto com o urso, até a grande sequência da batalha final.
É muito desenvolvido o amor que Caesar sente pelos humanos, visto que não teve apenas contato com o pior deles, como a maioria dos primatas, o que os fazem questionar ele enquanto líder e ocasiona uma dualidade no próprio protagonista. Por outro lado, a raiva que os macacos sentem pelos humanos faz alguns ficarem cegos e tomarem decisões muito precipitadas, o que gera dois antagonistas diferentes para essa história: a raça humana e os próprios macacos, que tentam a todo momento viver em paz. Essas adversidades são postas de uma forma muito interessante, que fogem, com as quais não concordamos, mas entendemos de onde surgiram.
A meu ver, um dos maiores erros do filme é o personagem do Malcolm (Jason Clarke), que deveria representar um protagonista humano, com o qual poderíamos nos identificar, mas a ausência de carisma do ator e o pouco desenvolvimento que o filme dá para ele e para sua companheira Ellie (Keri Russell) prejudicam, na minha opinião, bastante o desenrolar da história. O maior destaque humano, em contrapartida, fica para Dreyfus (Gary Oldman), o líder daquele povo. Atualmente, o filme encontra-se nos streamings Star+ e Disney+.
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